23 de mar. de 2016

Jim Power: The Lost Dimension in 3D



Desenvolvido francesa Loriciels (a mesma empresa que desenvolveu o não muito famoso"Best of the Best: Championship Karate" para NES, SNES, Mega Drive e Game Boy) "Jim Power: The Lost Dimension in 3D" foi lançado tanto para PC quanto para o Super Nintendo já próximo do fim do ano de 1993. 
Com bons gráficos, ótima trilha sonora, dificuldade insana, roteiro descompromissado e um protagonista mais "90´s" impossível, o título resume boa parte daquilo que os jogos dos anos 90 tinham de melhor e também de pior. Até mesmo em se tratando de estilo de jogo "Jim Powers: The Lost dimnension in 3D" isso está presente, diversas formas diferentes de se jogar variando de fase a fase. Existem fases estilo plataforma... fases com vista de cima para baixo, estilo top- down... fases de shooter, onde se pilota uma nave ou se maneja um traje com jetpack... 
Mesmo não sendo proposital, o jogo funciona quase como um apanhado ou panorama geral do que caracterizava os videogames naquela época, tendo isso como um apelo a mais.

18 de mar. de 2016

Legend



Mesmo tendo surgido nos anos 80, foram os anos 90 a era de ouro dos beat'em up, estilo de jogo que misturava luta com aventura. Dezenas de títulos diferentes saíram para as mais diferentes plataformas ano após ano, até o gênero se saturar e sair de evidência, com poucos títulos recentes lançados. 
O beat'em up típico era ambientado nos dias de hoje (quer dizer... de ontem... anos 90...) mas com alguns toques fantásticos (como a presença de robôs e/ ou ciborgues) em metrópolis caóticas dominadas pelo crime onde um grupo de indivíduos corajosos (fossem policiais, lutadores de artes marciais, ou até um prefeito que por alguma razão desconhecida acredita que andar de suspensórios e sem camisa por aí impõe respeito...) decidem resolver a questão com os próprios e dar um fim ao caos reinante, sendo "Final Fight" e "Streets of Rage" dois dos nomes mais consagrados nessa seara. A ambientação, entratanto, era bem variada... podia ser em um futuro próximo (como "Captain Commando") ou pós apocalíptico (Como "Cadillacs and Dinosaurs"); no Japão dos samurais (como "Mystical Fighter"); baseados em desenhos animados ( Como "The Simpsons" e "Teenage Mutant Ninja Turtles", lançado com um "2" após o título na versão do NES) ou quadrinhos ( como "X- Men"); em cenários de ficção científica (como "Alien Storm" e "MazinSaga") ou de fantasia medieval (como a série "Golden Axe" ou "Dungeons & Dragons: Shadow over Mystara"). Lançado em 1994 originalmente na Europa, chegando posteriormente aos EUA sem muito alarde ou repercussão para o SNES, "Legend" se encaixa nesse último tipo. Um jogo bastante obscuro, de fato, mas com qualidades o suficiente para criar sua pequena base de fãs nostálgicos.

História e Roteiro



A história de "Legend" parte de uma premissa típica dos quadrinhos, RPGs, animes  e livros de fantasia medieval dos anos 90: Um poderosos déspota, Beldor the magnificent (Beldor o magnífico, em tradução livre) reinou durante mil anos sobre o reino de Sellech.
Tudo era caos e destruição (o que, se levando em consideração que foi por mil anos seguidos, é realmente algo bem sério) até que muitos cavaleiros partiram em uma última cruzada para derrotar Beldor. Nenhum deles jamais retornou ( que coisa triste...).
As pessoas do reino se uniram e construíram "energized heroes" (heróis energizados... seja lá o que isso for...) e assim conseguiram aprisionar a alma de Beldor.
Tudo corria bem até que Clovis, o ambicioso e corrupto príncipe filho do rei de Sellech, deseja libertar o poder de Beldor e usá-lo para conquistar o reino (porque Clovis simplesmente não esperou receber o trono como legítima herança não se faz ideia...).
A única esperança de deter Clovis é o guerreiro Kaor, o genéric... digo, heróico protagonista do jogo. Munido apenas de sua espada e um escudo de bronze ( além de um coice que faria inveja a uma mula), o valente Kaor deve abrir caminho de uma ponta a outra do reino, cruzando florestas, pântanos, cidades, cavernas, ruínas, santuários e um velho moinho (não me pergunte nada...),enfrentando diversos inimigos, humanos ou não, até alcançar o corrompido Covis para um duelo final.

Gráficos



Os gráficos de "Legend" são bons, não ficando a dever para o padrão de qualidade da época, embora também sem nenhum brilho ou qualidade a mais. Levando em consideração que foi um jogo feito por uma equipe bem reduzida, o trabalho nos gráficos é bastante louvável. 
Os sprites do guerreiro Kaor e de seu aliado que luta com machado (caso o jogo tenha dois jogadores) são bons, bem proporcionais e detalhados até nos rostos, embora mais puxados para o cartunesco do que para o realista. Lembra um pouco o character design dos personagens de "Dungeons & Dragons: Shadow over Mystara" ou de algumas histórias em quadrinho dos anos 90. O mesmo vale para o visual dos inimigos... lanceiros que lembram orcs, espadachins com aparência de sarracenos, feiticeiros encapuzados, homens das cavernas, monstros de lama, esqueletos com restos de armadura ainda pendendo dos ossos, carrascos com machados... todos são bemd esenhados. O que de pior pode ser dito deles é que parecem simplesmente saído de alguma aventura de AD & D qualquer, sendo apenas típicos inimigos de um cenário de fantasia medieval.
O visual dos chefes e subchefes de fase é mais caprichado. Gosto em especial do dragão perto do final do jogo e do feiticeiro das trevas. Clovis, o chefe final do jogo, parece algo como um gigantesco guerreiro mongol ou tártaro, mas de fato não tem a mesma presença de um Death Adder do "Golden Axe", parecendo um chefe de fase qualquer.
Os cenários são bonitos, bem desenhados e razoavelmente variados, com alguns elementos, como colunas , dando impressão de profundidade ao fundo e na frente da tela. Todos tem um quê de cenário de RPG dos anos 90, o que para mim é uma vantagem e uma qualidade, não o contrário. 


Música e Efeitos Sonoros



"Legend" apenas cumpre o básico nesse quesito. A música da tela de abertura, de inspiração medieval, é agradável mas torna-se repetitiva em pouco tempo, o mesmo podendo ser dito para a música do encerramento- bem similar a da abertura, por sinal.
A música durante o jogo é um tanto genérica, não colaborando para o clima medieval fantástico do jogo. Não é ruim, sendo até bem razoável, mas podia estar em qualquer outro jogo que não faria muita diferença, não tendo muita identidade.
Os efeitos sonoros, levando em consideração a época do jogo, não são muito numeros mas são bons. O latido dos cães de guarda é o que primeiro me vem a cabeça. Em geral os personagens gritam quando morrem e temos os sons básicos de baús quebrando e itens sendo apanhados do chão.

Controles e Jogabilidade



A jogabilidade, e mesmo os controles, são um tanto truncados para os padrões de hoje, mas nos anos 90 não estavam fora do normal. Não são, entretanto, algo que realmente atrapalhe o jogo. O pessoal que não jogava nos anos 90 pode sentir um pouco de dificuldade no começo até se adaptarem.

* Botão direcional: Kaor anda na direção selecionada. Ele é capaz de andar nas quatro direções cardinais.
* A: Uso de Magia. São necessários dois frascos para usar o feitiço. Caso se tenha apenas um, não será possível utilizar esse ataque. Existem vários tipos de ataques mágicos diferentes mas até onde vi todos causam o mesmo dano, sendo apenas uma diferença estética.
* B: saltar
* X: Movimento especial. Kaor arremesa algo em seus oponenetes. É um ataque poderoso mas use com parcimônia, pois tem um custo na barra de vida de Kaor para ser ativado.
*Y: Ataque. kaor ataca com sua espada. O player 2 está armado com um machado, mas é uma alteração meramente estética. Ambas as armas tem o mesmo alcance e o mesmo dano.
* L ou R: Usa o escudo de bronze para bloquear ataques
* Select: Pausa o jogo
* Start: usado em alguns momentos durante o jogo para dar prosseguimento.

* B + Y: Kaor salta e golpeia com a espada em pleno ar
* B + direcional para direito ou esquerda = Y: Voadora. Ataque muito útil no correr do jogo.
* direcional para o lado oposto que Kaor está olhando + Y: Kaor gira o corpo e golpeia o inimigo que está às suas costas com a espada. É útil, mas mais complicado de ser usado que a voadora.

Dificuldade

"Legend" não é um jogo difícil, podendo até ser considerado fácil para os padrões da época. Mesmo as lutas contra os subchefes e chefes de fase são menos difícieis que a média dos beat'em up (quem já enfrentou Abigail ou Rolento na série "Final Fight" notará a diferença). Parte dessa facilidade deve-se a IA (inteligência artificial) limitada dos inimigos.
A curva de aprendizado é rápida e o jogo pode ser vencido em poucas jogadas. Venci-o em cerca de duas horas de jogo, sem maiores problemas. O que concede a "Legend" uma sobrevida após ser vencido é a opção para dois jogadores, que torna o jogo bem divertido, ainda mais quando jogado no nível de dificuldade mais difícil.

Um pequeno diferencial que "Legend" tem é que existe uma fase, a da masmorra, que o jogador só terá que passar caso Kaor seja capturado pelo carrasco munido de uma rede de combate. A fase é uma das mais difíceis do jogo e tem dois chefes a serem enfrentados, um sujeito gigantesco que luta desarmado e o executor chefe.

Durante o jogo existem diversos itens que podem auxiliar o jogador:

*Gold (ouro): Funciona como pontos. Sem grande utilidade em termos práticos.
* Pão ou carne: Comida recupera energia de Kaor. O pão recupera um pouco mais que o naco de carne.
* Key (chave): Abre os baús em determinados momentos do jogo
* 1 UP: Uma vida extra.
* Money bag: (saco de dinheiro): Dá 50 de ouro
* Necklace (colar): Dá 100 de ouro.
* Lighting Orb (orbe luminoso): Fornece um "S" para o jogador. Ao se perder todas as vidas, o "S" some e o jogador recebe automaticamente 3 vidas novas. Funciona como um "Continue" instantâneo.
* Leather Bag (bolsa de couro): Dão 1 ponto de magia cada.

Todo inimigo (exceto os chefes) deixam um item aleatório ao morrerem. Barris podem ser quebrados para se encontrar itens dentro. Um item diferenciado é o mapa, dado ao personagem pelo velho mago ao se terminar a primeira fase, sendo utilizado a partir de então para mostrar o caminho de Kaor de local a local.

Comentário Final



Um jogo bem divertido, embora não um grande desafio. "Legend" é uma ótima pedida para os fãs de beat'em ups ou de jogos de fantasia medieval. Provavelmente não será o jogo mais marcante de sua vida, mas vai proporcionar bons momentos, em especial para aqueles que tem o tempero adicional da nostalgia.
E vale a pena apontar que, mesmo sendo passado em um ambiente medieval fantástico, "Legend" conseguiu incluir (de alguma forma....) os tradicionais elevadores, presentes em quase tudo que é jogo de beat'em up.
Atualmente o jogo está disponível para venda na loja virtual Steam a um preço bem acessível, trazido pela empresa Piko Interactive, possuindo como novidade a possibilidade de se salvar o andamento do jogo, algo que não existia no original.

NOTA: 7,5







11 de mar. de 2016

The Secret of Monkey Island



Os anos 90 foram sem dúvida a era de ouro dos jogos point-and-click e em uma época em que muita coisa boa foi produzida os adventures da LucasArts conseguiram um merecido local de destaque. Começando ainda em 1987 com o clássico "Maniac Mansion", a lista de adventures com os quais a LucasArts presenteou os jogadores é longa... "The Dig", "Full Throttle", "Grim Fandango", "Indiana Jones and the Fate of Atlantis" e, destaque entre destaques, "The Secret of Monkey Island".

História e Roteiro



"The Secret of Monkey Island" é uma divertida história de piratas em um mundo cartunesco e bem humorado, onde alguns clichês dos filmes, livros e quadrinhos de piratas são reformulados de forma leve,  para ser explorado por um protagonista com um quê de Jim Hakwins. Se você não sabe quem é Jim Hakwins... procure pelo livro "A Ilha do Tesouro" em alguma biblioteca. Acredite... esse livro vale tanto a pena ser lido quanto "The Secret of Monkey Island" de ser jogado.
A premissa é simples, como os filmes de aventura dos anos 90 costumavam ser. O jovem Guybrush Threepwood chega a ilha caribenha de Melee Island disposto a alcançar seu sonho de ser um pirata. Guybrush então se vê envolvido em uma aventura cheia de testes, enigmas, feitiçaria vodu, duelos a base de espada e ofensas, romance e muitos comentários debochados a respeito de seu peculiar nome. No fim das contas cabe ao jovem aspirante a pirata resgatar a governadora de Melee Island (e seu interesse amoroso) Elaine Marley das mãos do pirata fantasma LeChuck e sua tripulação espectral, precisando encontrar o caminho para o esconderijo do capitão fantasma na misteriosa e lendária Monkey Island (Ilha dos Macacos, em tradução livre).
O roteiro é caprichado e os diálogos são em geral divertidos, com um humor que varia dos pastelão ao sarcástico, repleto de tudo aquilo que não pode faltar em uma história de piratas: caça ao tesouro, duelos e altas doses de uma bebida alcóolica que só o fígado de um velho lobo-do-mar consegue aguentar, tudo de uma forma bem fantasiosa e por vezes propositalmente anacrônica, visando gerar humor- de camisetas estampadas até letreiros luminosos, além de uma das mais bizarras geringonças que o mundo dos point-and-click já viu.

Gráficos



O jogo atualmente conta com duas versões de gráficos, a original de 1990 e os da edição especial lançada em 2009 para PC e outras plataformas. Em ambos os casos os gráficos são muito bons, desde que se leve em consideração as limitações e vantagens técnicas da época de cada um. 
Tanto as cenas do jogo em sí quanto das comuns cutscenes são muito boas. Os cenários durante o jogo são bem variados... uma cidade portuária cheia de piratas... um labirinto na floresta... cabanas no meio do nada... uma excêntrica loja de barcos usados... uma ilha tropical com nativos e pedras no formato de caveiras... todos, sem exceção, são bonitos, habilmente coloridos e cheios de detales, mesmo em sua versão original, tendo recebido uma remodelagem e tanto na versão remake, ficando mais ricos em elementos decorativos. O design dos personagens é excelente, embora eu prefira o visual que eles tinham nas cutscenes originais, os quais lembram bastante a arte de desenhos animados e quadrinhos de aventura dos anos 90, ao da versão do remake, mais caricata e estilizada.
Algo que gostei bastante é que na versão remake que comprei na Steam pode-se alternar  entre os gráficos originais ou novos em qualquer momento do jogo, bastando apertar a tecla F10.



Música e Efeitos Sonoros

A música é um ponto forte do jogo. A trilha sonora foi composta por Michael Land, sendo seu primeiro trabalho na LucasArts. O destaque vai para a música tema, que toca na tela de abertura, o qual eu considero é linda e impregnada do clima que permeia todo o jogo.
Os efeitos sonoros são bem melhores que a média dos jogos da época, refletindo o esmero que o pessoal do desenvolvimento teve. Na versão remake as falas dos personagens são narradas, cada uma tendo suas características próprias, o que foi o ponto mais psoitivo do remake em minha opinião.


Controles e Jogabilidade



Como é um jogo de point-and-click, não há muito a se dizer... funcional é o termo. Cumpre seu papel de forma adequada. Na versão original o menu de opções de ações a serem escolhidas fica no canto inferior esquerdo da tela. Deve-se clicar em um comando, "Open" por exemplo, e depois em algo do cenário ou do inventário de itens para Guybrush interagir com o cenário, objetos e personagens e assim realizar as ações, como por exemplo "Open Door",. Na versão remake o menu fica oculto, sendo acionado através de uma tecla ou botão, o qual varia conforme a plataforma.
Dentre os comandos possíveis, "Talk to", "Walk to", "Pick up", "Use" e "Look at" são as mais usadas no correr do jogo.



Dificuldade



A dificuldade do jogo varia em altos e baixos. Existem momentos em que você nota de cara o que deve fazer, outros você percebe após raciocinar um pouco e existem aqueles que você não tem a menor ideia de como ir para a frente. Para facilitar a vida do jogador é possível pedir pistas durante o jogo, apertando a tecla ou botão "Hint" ( no PC é a tecla "H" ). As dicas são graduais. A primeira é bem vaga, mais vão dando mais detalhes conforme o jogador aciona a tecla de novo. O lado ruim disso é que depois de você usar as dicas para seguir adiante no jogo, fica aquela sensação chata de "Como eu não pensei nisso?" no ar...
No geral eu diria que a dificuldade éconsiderável, mas sem ser realmente pesada. O maior risco é ficar alguns minutos dando voltas em círculo por todos os cenários, quebrando a cabeça tentando achar algo que ajude a resolver a questão, mas isso é de praxe em todos os adventures estilo point-and-click, não sendo um defeito específico do título . O único senão que aponto em "The Secret of Monkey Island" é que em alguns momentos o jogo é bem vago quanto ao que deve ser feito, como no caso da ponte guardada pelo troll.

Comentário Final



Um grande clássico dos anos 90, "Monkey Island" tem fôlego para agradar ainda muita gente ainda, mesmo quem nasceu depois de 2000, em grande parte graças a versão atualizada dos gráficos. O jogo é divertido e você realmente vai dar umas risadas altas em alguns momentos, sendo daqueles que viciam e prendem em frente a tela do PC, fazendo você quase varar a madrugada jogando. 
Para os apreciadores de jogos point-and-click em especial é um jogo imperdível. Um prato cheio com tudo que um point-and-click tem de melhor. A série Monkey Island recebeu quatro sequências, mas em minha opinião o primeiro título continua sendo o melhor de todos.

NOTA: 9,5


* Curiosidade 1: O nome bastante esquisito do protagonista foi criado pro acaso... originalmente seu sprite era apensas designado "guy" (cara, em tradução livre), mas um dos programadores acabou colocando "brush" logo em seguida, para indicar que era o "brush file" para o sprite. O arquivo ficou "guybrush.bbm" e o nome acabou pegando.
O sobrenome foi baseado em personagens dos livros da série "The Blandings books" do escritor P.G. Wodehouse.

* Curiosidade 2: Os desenvolvedores colocaram um personagem no jogo, o pirata Cobb, apenas para fazer propaganda (de forma propositalmente ostentosa) de "Loom", outro título da LucasArts.


3 de mar. de 2016

The Chaos Engine


Também conhecido como "Soldiers of Fortune", título recebido nos ports para Mega Drive e SNES, "The Chaos Engine" é um pequeno clássico lançado originalmente para Amiga em 1992, desenvolvida pela inglesa The Bitmap Brothers. Embora nunca tenha sido um sucesso estrondoso, o jogo pode ser classificado como "cult", conseguindo angariar, merecidamente, uma base respeitável de fãs, e recebendo adaptações para várias plataformas.diferentes.

História e Roteiro

"The Chaos Engine" parte de uma premissa um tanto "pulp", criando tanto uma história quanto ambientação de ficção científica com tons de steampunk. Em algum momento do século passado, após um desastroso experimento de viagens temporais, um cientista inicia acaba preso na Inglaterra vitoriana, em pleno final do século XIX.
Um inventor da época, Barão Fortesque, acaba tomando colocando as mãos no conhecimento científico trazido pelo viajante do tempo e com uma mistura bizarra de retroengenharia e tecnologia vitoriana, acaba desenvolvendo um aparelho capaz de manipular tempo e espaço, o Chaos Engine (Motor do caos, em tradução livre),  uma primitiva, porém poderosa, máquina com características tanto de computador, quanto de reator e motor.
A experiência sai de controle pois o Chaos Engine aos poucos torna-se senciente e acaba absorvendo seu criador. Logo o maquinário começa a utilizar suas capacidades para alterar tanto o ambiente quanto as formas de vida ao seu redor. Automátos, mutantes e até dinossauros espalham-se, enquanto lagos tóxicos borbulhantes, florestas sombrias e planícies áridas vão tomando o lugar da natureza original da ilha. 
Os cabos telegráficos acabam cortados. Barcos tentando se aproximar da Inglaterra são atacados e apenas quando refugiados, dentre os quais membros do parlamento e da família real, começam a chegar é que a real situação se torna conhecida para o resto do mundo. Em pouco tempo pânico e crise tomam conta, e para evitar que o pior aconteça um grupo de mercdenários tenta alcançar e destruir o Chas Engine a qualquer custo.

Gráficos



O jogo possui uma perspectiva vista de cima para baixo (topdown perspective), sendo bastante bem feitos para a época. Os sprites dos personagens não são grandes, como era tradição em jogos Run-and-Gun mas são bem detalhados, sendo cada mercenário único e perfeitamente reconhecível. Os cenários são bem amplos, com gráficos limpos e bem detalhados, assim como os inimigos de fase. 
A arte pixelada nas telas de escolha de personagem caracteriza-os com um tom um tanto sombrio, em um tipo de arte que lembra os quadrinhos da época. Gosto em especial do visual do Gentleman, embora todos os mercenários tenham tudo designs bem interessantes.
A animação dos sprites é fluida, embora tenha poucos frames, logo tendo pouca variação de posições para cada personagem, algo de acordo com a capacidade tecnológica do início dos anos 90.

Música e Efeitos Sonoros


As músicas do jogo são boas. Possuem todo o clima de aventura pulp, necessárias para criar o clima, com uma pitada de música tecno para combinar com os elementos steampunk. Gosto em especial da música da tela de abertura/ menu de opções, mas as músicas de fase não ficam atrás, apenas sendo mais movimentadas, com ritmo mais rápido.
Os efeitos sonoros são acima da média daqueles do períodos. Os sons do ambiente, quando por exemplo, as antenas condutoras são ativadas, merecem destaque.

Controles e Jogabilidade



Como o jogo foi adaptado para uma quantidade considerável de plataformas, seus controles variam em cada versão. Resumidamente podemos dizer que o personagem se movimenta em todas as direções cardinais usando-se o direcional, atira com um botão, usa a hablidade especial com outro, e alterna habilidades especiais com o mercenário controlado pelo computador com outro (apenas quando jogado sozinho). Existe também um botão para pausar o jogo.

A jogabilidade é razoavelmente fluída, raramente atrapalhando a performance do jogador durante as partidas. Pode parecer um tanto dura para os padrões de hoje em dia, mas isso se explica pela época em que o jogo foi originalmente lançado.


O jogo pode ser disputado tanto por um jogador quanto em dupla. caso tenha apenas um jogador, outro mercenário deve ser escolhido para ser controlado pelo computador. ATENÇÃO! O computador não os controla da mesma forma. Quando maior o atributo Wisdom do mercenário, melhor o computador o manuseia.
Existem seis mercenários como opção de escolha para os jogadores, cada um com um custo diferente em dinheiro: Brigand (brigadista); Gentleman (cavalheiro); Thug (brutamontes, mas também pode ser traduzido como bandido); Mercenary (mercenário); Navie (fusileiro naval) e Preacher (pastor).Nas versões lançadas nos EUA, o personagemPreacher foi renomeado Scientist (cientista), tendo tido seu colarinho branco clerical removido. 

* Brigand: Um personagem que equilibra velocidade, energia e poder de fogo. Usa um rifle como arma e começa o jogo com a habilidade de disparar várias balas ao mesmo tempo para todos os lados.

* Gentleman: O cavalheiro tem um pouco menos de resistência que seus companheiros militaristas, assim como sua arma, uma pistla lança- chamas, faz menos dano, mas é mais rápido e começa o jogo com a habilidade de mostrar o mapa da fase, algo mais útil do que parece a princípio. Suas habilidades posteriores são bem úteis também.

* Thug: O personagem mais resistente do jogo, mas lento. Possui o segundo melhor poder de fogo, só perdendo para o navie. Usa uma escopeta como arma e pode arremesar coqueteis molotov como habilidade inicial.

* Mercenary: Outro personagem equilibrado, ao estilo do Brigand, apenas com um pouco mais resistente e com um poder de fogo um pouco menor. Usa uma gatling Gun como arma e sua habilidade inicial é usar bombas.

* Navie: O melhor poder de fogo do jogo, usando um canhão como arma. Sua habilidade especial é a dinamite, muito útil, capaz de matar todos os inimigos da tela. Seu principal mponto fraco e a lentidão.

* Preacher/ Scientist: O personagem com menos energia de todos, assim como com o poder de fogo mais fraco. Usa uma arma de raiso elétricos como arma e compensa suas deficiências com grande velocidade e ótimas habilidades. Por começar com o kit de primeiros socorros e ter a maior wisdom (sabedoria) de todos, é uma ótima opção para parceiro em jogos 1 player.

Dificuldade


"The Chaos engine" é um jogo bastante desafiador, com uma dificuldade até acima da média da época em que foi lançado. Não é contudo um jogo desequilibrado e a curva de aprendizado é razoavelmente rápida.
Os personagens perdem energia razoavelmente rápido, com golpes ou tiros dos oponentes, e alguns são mais pergigosos e traiçoeiros que parecem a primeira vista, como os sapos gigantes das primeiras fases, daí acaba sendo importante a memorização de padrões,por exemplo onde os inimigos aparecem e como atacam.
Os personagens começam com vidas e barra de nergia mas cada estágio é consideravelmente mais difícil que o anterior. Felizmente é possível, a cada algumas fases, comprar melhoras nos atributos e nas habilidades na loja, assim como novas habilidades e também vidas.

Comentário Final



Uma ótima pedida para quem gosta de jogos de tiro em terceira pessoa estilo run-and-gun ou de jogos centrados m ação e exploração. Bons gráficos, boa música, bom para jogar com alguém. Sua dificuldade pode afastar jogadores mais novos, mas vale a pena investir um tempo para ir pegando o jeito, pois o jogo é divertido.
"The Chaos Engine"/ "Soldiers of Fortune" não foi o que os anos 90 produziu de mais brilhante e a primeira vista pode parecer um tanto genérico, mas merecia um pouco mais de reconhecimento e é um jogo que tem potencial para agradar tanto jogadores old-school quanto jogadores mais novos dispostos a dar-lhe uma chance. 
Vale a pena lembrar que "The Chaos Engine" está disponível para venda no Steam e também no site Good Old Games, ambos em uma versão onde se pode escolher tanto os gráficos originais quanto uma versão levemente atualizada.

NOTA: 8,0

* Curisosidade 1: Obviamente a alteração de "Preacher" para "Scientist" foi feita para evitar polêmicas ou rejeição por parte do público norte- americano. Apesar da mudança no nome e da pequena alteração estética em seu design, em termos de jogo o personagem permanceu inalterado, não recebendo nem reduções nem aumentos em nenhum dos seus atributos.